“Quem tem medo de arriscar, de falhar e de passar ridículo, assume a mediocridade como zona de conforto.”
— Alexis Fonteyne
Cada vez mais vejo frases motivacionais circulando nas redes sociais — mensagens sobre sucesso, superação, coaching e autoajuda — muitas vezes envoltas em um glamour superficial. De um lado, elas inspiram aqueles que sonham alcançar o sucesso; de outro, alimentam a frustração e o sentimento de derrota em quem se vê como um eterno perdedor.
Existem vozes que realmente têm algo a dizer, como Flávio Augusto, que carrega “horas de voo” em empreendedorismo e compartilha experiências reais. Outros, como Jorge Paulo Lemann, sintetizam em poucas palavras a arte de selecionar e liderar pessoas. Mas, no meio disso tudo, também encontramos muitos “rufiões” — empolgados de ocasião, cheios de ideias, discursos prontos e promessas vazias, que no fundo não se movem um centímetro fora da própria bolha.
E aí vem a pergunta: o que, de fato, diferencia um empreendedor? Independentemente da origem, do nível social, do capital disponível ou do diploma na parede?
A resposta é simples: o medo.
Mais especificamente, a incapacidade de lidar com o risco.
O medo é a raiz da zona de conforto. E essa zona, vale dizer, não tem nada a ver com ter ou não ter dinheiro. Ela é, sobretudo, um estado mental — uma bolha emocional, um útero psicológico onde se busca segurança a qualquer custo. É o conforto da falsa estabilidade, o apego ao conhecido, a recusa de se colocar em risco. O medo imobiliza, paralisa, e se esconde em frases como:
“Melhor garantir meu pé de meia.”
“Prefiro não me arriscar.”
“Isso aqui já está bom pra mim.”
Empreender não é passeio no parque. Machuca, cansa, frustra, dá dor de cabeça e dor de barriga. Não tem salário fixo, nem décimo terceiro, nem férias remuneradas. Mas, como escalar uma montanha, o esforço é compensado pelo êxtase do cume. Pela conquista. Pela realização.
Mediocridade, nesse contexto, é viver eternamente sentado no sofá com a pipoca na mão, julgando quem se levanta. É olhar para o sucesso alheio com desdém, resumindo tudo à quantidade de dinheiro que alguém ganhou, sem enxergar o caminho trilhado, o risco assumido, os tombos tomados.
O verdadeiro empreendedor é, acima de tudo, corajoso. Não joga para a plateia, não busca aprovação. Não tem medo de falhar nem de passar ridículo. Não deve ser confundido com o aventureiro inconsequente — este é impulsivo e disperso. O empreendedor, ao contrário, é focado, disciplinado e humilde para aprender.
A zona de conforto é traiçoeira. É sedutora. É o pequeno prazer do sofá, que todos temos o direito de desfrutar, mas jamais o de transformar em destino.